domingo, 20 de setembro de 2015



Às vezes duvido ser neta da minha avó. A minha avó com os seus 91 anos tem uma ligação com os números fantástica, sabe todas as datas importantes, sabe todo o dinheiro que tem em aplicações (algumas ainda em escudos e faz a conversão para euros instantaneamente), sabe o dinheiro que nos deu ao longo da nossa vida, sabe em que dia mudou de casa… e mudou algumas vezes. Eu além dos aniversários, e não é de toda a gente, nunca fixei datas. Nunca sei o dia em que comecei um namoro, nunca sei muito bem as idades dos filhos dos meus amigos, nunca sei há quanto tempo fiz uma viagem ou acabei o curso. No meio desta confusão de datas e de números há os dias banais que se misturam com dias com significado.

Há dois anos atrás a minha vida estava um autêntico turbilhão. Estávamos a tratar do funeral do meu pai. Quando recordo esses dias penso que Fellini se estivesse vivo aproveitaria a história sem hesitar. No fim houve a despedida, mas fica a eterna gratidão por tudo o que tenho com base nos pilares que ele me deixou. Sou quem sou porque parte de mim é sua filha, sou quem sou porque parte de mim foi construído com os meus irmãos… Sou Mafalda,  Luísa ou Fáfa…
Hoje estive a tomar café com alguém que ainda me chama “Fáfa”, já muitas poucas pessoas me tratam assim mas, sempre que acontece, faz-me voltar à infância, aos dias simples com todos à minha volta, e é muito bom.

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