sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A primeira vez que dormi numa tenda foi na sala de jantar da casa onde cresci, uma canadiana verde, que o meu irmão segurou nas cadeiras da mesa de jantar. O meu irmão tinha ido acampar com os amigos escuteiros, e como eu queria dormir numa tenda ele resolveu o meu problema, trouxe a tenda, montou-a na sala e eu, orgulhosamente, pernoitei nela. Acordei cheia de mordidelas de melga, mas nada tinha importância, porque eu tinha dormido numa tenda!
Uma grande parte dos amigos do meu irmão eram escuteiros, iam lá para casa conversavam, riam, tocavam guitarra, havia um espirito de camaradagem que eu venerava. Eu queria ser escuteira.
Foi o Bandarrinha que, sem saber, me mostrava o amor que tinha pelos ideais escutistas e a certeza de podíamos deixar sempre o mundo melhor do que aquilo que o tínhamos encontrado. Encontrar o Bandarrinha na minha vida, além de ter deixado o meu mundo melhor do que ele já era, só fez com que continuasse a querer ser escuteira, porque ser escuteira ainda era melhor do que tudo que tinha idealizado.
Hoje aprendo a ser Escoteira, sim escoteira com “o” (antes de o ser sempre pensei que aquele "u" depois do "c" era obrigatório) e aprendo que o escutismo é uma forma de estar na vida, e espero deixar o mundo melhor daquilo que o encontrei, espero (saber) incutir, isso nos “meus” lobitos. O meu sobrinho diz que sou uma “escoteira aldrabona” porque passei logo para chefe, e a maior parte das vezes é como me sinto, uma verdadeira “escoteira-aldrabona” que espera conseguir “fazer o melhor possível”.
Sempre tive um estilo de vida “alternativo” e a maior parte dos meus amigos e família ainda se ri quando eu digo que pertenço a um Grupo de Escoteiros. A minha irmã só me diz “manda-me uma foto com a farda para eu fazer um poster” e a minha mãe pergunta de vez em quando “ainda andas naquilo dos escoteiros?”. Por outro lado, há as reacções motivadoras, como quando no inicio tudo estava a ser tão estranho para mim e estava a um passo de desistir o Pedro me diz “não desistas cara#%#, vais ver que vale a pena!” e me fala dos escuteiros com tamanha paixão que até me comoveu, e para o Pedro me comover é porque o assunto é muito sério!!! Ou quando a Patrícia me conta as aventuras que tiveram na Serra da Freita, e vejo todo o carinho saudosista com que fala dos escuteiros. Gostei dos olhos invejosos (inveja da boa!) a brilhar da Marta com que me disse “ohhh a sério? Que fixe!! Eu também sempre quis ser escuteira!”. Do orgulho que Paulo demonstrava em ter sido escuteiro, apesar de ser o único escuteiro ateu que conheço no CNE!:) Do mimo da Marta que fez todos os animais que os “meus” meninos representam em origami (tens que fazer dos que entraram novos!;)). Do bom coração da Fátima que se disponibilizou para ir pintar um mural no nosso covil. De conhecer pessoas de alma simpáticas como a Tânia e a Lucia. E nada disto seria possível sem a Betty, a Sandra, a Isa, o Manuel, o Ricardo e o Maurílio. Não, não estou armada em política com estes agradecimentos todos, mas acho que ser escoteira é mesmo isto, é haver entreajuda, haver partilha, haver bom coração, tentar deixar o mundo um bocadinho melhor do que o encontramos. E por tudo isto, e se calhar ainda por mais qualquer coisinha, parabéns Baden Powell!:)
PS: Desde que conheci a Neuza, o número 22 começou a ter uma dimensão diferente na minha vida (todos que conhecem a Neuza percebem o porquê de eu dizer isto!) e até o aniversário Baden Powell tinha que ser a 22???

domingo, 17 de fevereiro de 2013

preciso descolar-me da alma e estendê-la ao luar