domingo, 20 de setembro de 2015



Às vezes duvido ser neta da minha avó. A minha avó com os seus 91 anos tem uma ligação com os números fantástica, sabe todas as datas importantes, sabe todo o dinheiro que tem em aplicações (algumas ainda em escudos e faz a conversão para euros instantaneamente), sabe o dinheiro que nos deu ao longo da nossa vida, sabe em que dia mudou de casa… e mudou algumas vezes. Eu além dos aniversários, e não é de toda a gente, nunca fixei datas. Nunca sei o dia em que comecei um namoro, nunca sei muito bem as idades dos filhos dos meus amigos, nunca sei há quanto tempo fiz uma viagem ou acabei o curso. No meio desta confusão de datas e de números há os dias banais que se misturam com dias com significado.

Há dois anos atrás a minha vida estava um autêntico turbilhão. Estávamos a tratar do funeral do meu pai. Quando recordo esses dias penso que Fellini se estivesse vivo aproveitaria a história sem hesitar. No fim houve a despedida, mas fica a eterna gratidão por tudo o que tenho com base nos pilares que ele me deixou. Sou quem sou porque parte de mim é sua filha, sou quem sou porque parte de mim foi construído com os meus irmãos… Sou Mafalda,  Luísa ou Fáfa…
Hoje estive a tomar café com alguém que ainda me chama “Fáfa”, já muitas poucas pessoas me tratam assim mas, sempre que acontece, faz-me voltar à infância, aos dias simples com todos à minha volta, e é muito bom.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sandra

Conheci-te no primeiro aniversário que passei na Madeira, eu estava triste porque estava longe dos meus amigos (continentais) e da minha família. Nessa noite conheci-te a ti e o “pessoal do Porto da Cruz”, como ainda hoje vos chamo, um grupo de pessoas fantásticas que são presença assídua na minha vida. Foi a prenda de aniversário perfeita!
Nunca suspeitei do problema que tinhas tido no passado, toda a tua alegria de viver e a boa disposição nunca me deram a mais pequena pista, só muito tempo depois de te conhecer é que me contaste todo o percurso que tiveste.
Sei que rimos juntas mais vezes que choramos. Sei que agora estou a chorar porque estás a ser enterrada, mas também sei que sempre que me lembrar de ti vou sorrir e enfrentar. Foi isso que me ensinaste a fazer. A lutar sempre com garra e um sorriso no rosto. Lembro-me quando te disse que vinha embora para o Porto e só me disseste: “gosto muito de ti, vais fazer muita falta cá, mas vai se é para seres feliz”. Há que lutar por ser feliz, há que proclamar o amor como se de uma espécie de religião se tratasse. Sempre fui crente na religião do amor, contigo aprendi a ser um “pedâcinho” mais. Cada dia aprendo que o amor é a base de tudo na vida, sei que não te vou ver mas que vais estar sempre perto de nós. Sei disso tudo, mas mesmo assim não gosto deste sentimento de perda que se apodera de mim. Quando fui para a Madeira nunca pensava em voltar. Chamava-lhe na brincadeira a ilha-dos-amores e foi mesmo. Fui por um amor e voltei com o coração cheio de amores. Voltei, mas uma parte de mim fica na Madeira para sempre.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015




Que venha mais um ano! :D