A primeira vez que dormi numa tenda foi na
sala de jantar da casa onde cresci, uma canadiana verde, que o meu irmão
segurou nas cadeiras da mesa de jantar. O meu irmão tinha ido acampar
com os amigos escuteiros, e como eu queria dormir numa tenda ele
resolveu o meu problema, trouxe a tenda, montou-a na sala e eu,
orgulhosamente, pernoitei nela. Acordei cheia de mordidelas de melga,
mas nada tinha importância, porque eu tinha dormido numa tenda!
Uma
grande parte dos amigos do meu irmão
eram escuteiros, iam lá para casa conversavam, riam, tocavam guitarra,
havia um espirito de camaradagem que eu venerava. Eu queria ser
escuteira.
Foi o Bandarrinha
que, sem saber, me mostrava o amor que tinha pelos ideais escutistas e a
certeza de podíamos deixar sempre o mundo melhor do que aquilo que o
tínhamos encontrado. Encontrar o Bandarrinha na minha vida, além de ter
deixado o meu mundo melhor do que ele já era, só fez com que continuasse
a querer ser escuteira, porque ser escuteira ainda era melhor do que
tudo que tinha idealizado.
Hoje aprendo a ser Escoteira, sim
escoteira com “o” (antes de o ser sempre pensei que aquele "u" depois do
"c" era obrigatório) e aprendo que o escutismo é uma forma de estar na
vida, e espero deixar o mundo melhor daquilo que o encontrei, espero
(saber) incutir, isso nos “meus” lobitos. O meu sobrinho diz que sou uma
“escoteira aldrabona” porque passei logo para chefe, e a maior parte
das vezes é como me sinto, uma verdadeira “escoteira-aldrabona” que
espera conseguir “fazer o melhor possível”. Sempre tive um estilo de
vida “alternativo” e a maior parte dos meus amigos e família ainda se
ri quando eu digo que pertenço a um Grupo de Escoteiros. A minha irmã só
me diz “manda-me uma foto com a farda para eu fazer um poster” e a
minha mãe pergunta de vez em quando “ainda andas naquilo dos
escoteiros?”. Por outro lado, há as reacções motivadoras, como quando no
inicio tudo estava a ser tão estranho para mim e estava a um passo de
desistir o Pedro
me diz “não desistas cara#%#, vais ver que vale a pena!” e me fala dos
escuteiros com tamanha paixão que até me comoveu, e para o Pedro me
comover é porque o assunto é muito sério!!! Ou quando a Patrícia
me conta as aventuras que tiveram na Serra da Freita, e vejo todo o
carinho saudosista com que fala dos escuteiros. Gostei dos olhos
invejosos (inveja da boa!) a brilhar da Marta com que me disse “ohhh a sério? Que fixe!! Eu também sempre quis ser escuteira!”. Do orgulho que Paulo demonstrava em ter sido escuteiro, apesar de ser o único escuteiro ateu que conheço no CNE!:) Do mimo da Marta
que fez todos os animais que os “meus” meninos representam em origami
(tens que fazer dos que entraram novos!;)). Do bom coração da Fátima que se disponibilizou para ir pintar um mural no nosso covil. De conhecer pessoas de alma simpáticas como a Tânia e a Lucia.
E nada disto seria possível sem a Betty, a Sandra, a Isa, o Manuel, o
Ricardo e o Maurílio. Não, não estou armada em política com estes
agradecimentos todos, mas acho que ser escoteira é mesmo isto, é haver
entreajuda, haver partilha, haver bom coração, tentar deixar o mundo um
bocadinho melhor do que o encontramos. E por tudo isto, e se calhar
ainda por mais qualquer coisinha, parabéns Baden Powell!:)
PS: Desde que conheci a Neuza, o número 22 começou a ter uma dimensão diferente na minha vida (todos que conhecem a Neuza percebem o porquê de eu dizer isto!) e até o aniversário Baden Powell tinha que ser a 22???
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
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